Não fez mais do que a sua obrigação!
Era o que geralmente ouvíamos de nossos pais ou responsáveis quando chegávamos feliz a casa com qualquer notícia sobre aprovação ou nota boa. Ainnn, professor! Meus pais não falavam isso. Ok! Não falavam, mas pensavam! Afinal, você praticamente só tinha essas missões na vida: estudar, comportar-se bem e tirar notas boas. “Fez apenas a sua obrigação” não era uma frase desmotivadora ou desmerecedora das suas conquistas. Era apenas um aviso “Aproveite enquanto você tem apenas isso para fazer. No futuro, você sentirá saudades dessa época”.
O futuro chegou. E certamente você sente falta dos tempos em que tinha apenas que estudar e ir bem nas provas bimestrais. Agora, cresceu substancialmente o campo das suas obrigações. Eu posso imaginar, atualmente, todos nós, sentados em uma mesa de bar, falando com os nossos velhos pais:
– Pai e mãe, paguei a conta de luz neste mês. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, cuidei dos meus filhos todos os dias deste mês. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, dei a atenção devida a todas as pessoas que eu amo. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, trabalhei todos os dias. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, estudei X horas para o meu concurso. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, pratiquei esportes e cuidei da minha saúde. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, respondi a todas as mensagens que recebi. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, fui um bom pai neste mês. (Não fez mais que a sua obrigação!)
– Pai e mãe, dediquei meu tempo a ajudar os necessitados. (Não fez mais que a sua obrigação! Quer biscoito?)
A grande diferença é que – hoje em dia – nós somos os criadores das nossas obrigações e a nossa própria consciência faz-nos sentir confortáveis – ou não – com a realização – ou não – dessas obrigações. É com a nossa consciência que conversamos sobre todas as nossas realizações. Hoje, não precisamos de alguém para ditar o “ter que”. Fomos forçados naturalmente a trocar o “Você tem que” por “Eu tenho que”.
Tenha muito cuidado para as obrigações não virarem uma tortura mental, o exagero de cobranças e de obrigações nos deixa ansiosos, deprimidos e desanimados. Aceite suas limitações. Não se prenda apenas à ideia de como as coisas DEVERIAM SER.
Você não vive mais a época em que a sua única obrigação era melhorar as suas notas ou passar de ano. Lembra como essa obrigação (apenas essa) já era perturbadora? Hoje você – que estuda para concursos – tem diversas obrigações dentro do mundo dos seus estudos, centenas de obrigações domésticas, mais obrigações ainda no âmbito pessoal, vários obrigações no âmbito profissional (se você acumula trabalho com estudos), milhares de obrigações com outras pessoas (amizade, namoro, família, casamento…). Não deixem esse tsunami de “tenho que” frustrarem a sua vida e atrapalharem os seus estudos, que são a sua prioridade. Mude vários “eu deveria” por “eu gostaria”.
Acredite. Há escapatória para essa onda de deveres desanimadores, há como você PRIORIZAR os seus estudos.
Por isso, hoje se fala tanto numa tal de inteligência emocional, que – supostamente – nos faria levar a vida com mais leveza e com mais estratégia. Só consigo concluir uma coisa: quanto mais o tempo passa, de mais inteligência emocional nós precisamos. Eis que surge mais uma obrigação: TENHO QUE TER INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.